blog sobre o problema do mundo actual que é a Sida

Monday, May 07, 2007

O que é o HIV e como actua?
O HIV é um retrovírus, ou seja é um vírus com genoma de RNA, que infecta as células e, através da sua enzima transcriptase reversa, produz uma cópia do seu genoma em DNA e incorpora o seu próprio genoma no genoma humano, localizado no núcleo da célula infectada. O HIV é quase certamente derivado do vírus da imunodeficiência símia. Há dois vírus HIV, o HIV que causa a SIDA típica é o vírus de imunodeficiência humana mais predominante, presente em todo o mundo, e o HIV-2, que causa uma doença em tudo semelhante, transmite-se com menos facilidade e o período entre a infecção e a doença é mais prolongado, mais frequente na África Ocidental, e também existente em Portugal. As diferenças mais importantes entre eles são: o HIV é mais "agressivo", sendo mais rápido na destruição do sistema de defesa do organismo humano - o sistema imunológico. A evolução da doença é mais rápida nos doentes com HIV, comparativamente aos doentes com HIV-2. O período assintomático de infecção é, em média, de 10 anos para o HIV e de 30 anos para o HIV-2. O HIV transmite-se mais facilmente, ou seja, o contágio de pessoa a pessoa é mais provável do que para o HIV-2. No Mundo, existem muito mais pessoas infectadas pelo HIV do que pelo HIV-2
O HIV responde melhor e de forma mais previsível aos medicamentos anti-retrovíricos. Alguns dos medicamentos disponíveis são eficazes contra o HIV mas não contra o HIV-2.
O HIV reconhece a proteína de membrana CD4, presente nos linfócitos T4 e macrófagos, e pode ter receptores para outros dois tipos de moléculas presentes na membrana celular de células humanas: o CCR5 e o CXCR4. O CCR5 está presente nos macrófagos e o CXCR4 existe em ambos macrófagos e linfócitos T4, mas em pouca quantidade nos macrófagos. O HIV acopla a essas células por esses receptores (que são usados pelas células para reconhecer algumas citocinas, mais precisamente quimiocinas), e entra nelas fundindo a sua membrana com a da célula. Cada virion de HIV só tem um dos receptores, ou para o CCR5, o virion M-trópico, ou para o CXCR4, o virion T-trópico. Uma forma pode-se converter na outra através de mutações no DNA do vírus, já que ambos os receptores são similares.
A infecção por HIV normalmente é por secreções genitais ou sangue. Os macrófagos são muito mais frequentes que os linfócitos T4 nesses líquidos, e sobrevivem melhor, logo os virions M-trópicos são normalmente aqueles que transmitem as infecções. No entanto, como os M-trópicos não invadem os linfócitos, eles não causam a diminuição dos seus números, que define a SIDA. No entanto, os M-trópicos multiplicam-se e rapidamente surgem virions mutantes que são T-trópicos.
Os virions T-trópicos são pouco infecciosos, mas como são invasores dos linfócitos, são os que ultimamente causam a imunodeficiência. É sabido que os raros indivíduos que não expressam CCR5 por defeito genético não adquirem o vírus da HIV mesmo se repetidamente em risco.
O HIV causa danos nos linfócitos, provocando a sua morte celular, devido à enorme quantidade de novos virions produzidos no seu interior, usando a sua maquinaria de síntese de proteínas e de DNA. Outros linfócitos produzem proteínas do vírus que expressam nas suas membranas e são destruídos pelo próprio sistema imunitário. Nos linfócitos em que o vírus não se replica mas antes se integra no genoma nuclear, a sua função é afectada, enquanto nos macrófagos produz infecção latente na maioria dos casos. Julga-se que os macrófagos sejam um reservatório do vírus nos doentes, sendo outro reservatório os gânglios linfáticos, para os quais os linfócitos infectados migram, e onde disseminam os virions por outros linfócitos aí presentes.
A resposta imunitária ao HIV nas primeiras semanas de infecção é eficaz em destruí-lo, mas as concentrações de linfócitos nos gânglios linfáticos devido à resposta vigorosa levam a que os virions sobreviventes infectem gradualmente mais e mais linfócitos, até que a resposta imunitária seja revertida. A reacção eficaz é feita pelos linfócitos T8, que destroiem todas as células infectadas. Contudo, os T8, como todo o sistema imunitário, está sob controlo de citocinas (proteínas mediadoras) produzidas, pelos T4, que são infectados. Eles diminuem em número com a progressão da doença, e a resposta inicialmente eficaz dos T8 vai sendo enfraquecida. Além disso as constantes mutações do DNA do HIV mudam a conformação das proteínas de superfície, dificultando continuamente o seu reconhecimento.
Desde o momento em que se adquire a infecção até que surjam sintomas de doença decorre um período de tempo, designado como fase assintomática da infecção pelo HIV, que pode durar em média 8 a 10 anos, em que a pessoa infectada não tem qualquer sintoma e se sente bem. Nesta fase a infecção pode ser detectada apenas se efectuarem as análises específicas para o HIV. Esta é a fase da doença em que se diz que o indivíduo é seropositivo. No entanto, nalgumas pessoas este período pode ser apenas de dois ou três anos e noutras de 15 ou 20 anos.
Na evolução da infecção pelo HIV verifica-se uma destruição progressiva do sistema de defesa do organismo humano (o sistema imunológico) com estabelecimento de um estado de imunodepressão que permite o aparecimento de infecções oportunistas e determinados tipos de tumores. Quando uma pessoa infectada pelo HIV tem uma destas infecções oportunistas ou tumores passa a dizer-se que já tem SIDA. Após o aparecimento de uma infecção oportunista, o tempo médio de sobrevivência é de cerca de um ano e meio, na ausência de tratamento anti-retrovírico. No entanto, com os medicamentos actualmente disponíveis para o tratamento desta infecção a sobrevivência dos doentes pode ser muito mais longa desde que se cumpra rigorosamente o tratamento e as restantes indicações médicas. Actualmente existem algumas pessoas que vivem com esta infecção há mais de 20 anos. Quer um seropositivo, quer um indivíduo com SIDA podem transmitir a infecção a outras pessoas através de comportamentos de risco.
Para concluir resta dizer que fora do organismo humano, à temperatura ambiente, o vírus pode sobreviver cerca de uma hora. E permanece vivo no sangue coagulado durante mais tempo. *Vírus da Sida

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